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Quarta, 5 de novembro de 2008, 06h22 (Atualizada às 06h58)
Mudança chegou aos EUA, diz presidente Obama
O presidente eleito Barack Obama disse a dezenas de milhares de pessoas, em um parque na cidade de Chicago, que "a mudança chegou" aos Estados Unidos.
"Demorou muito tempo, mas, nesta noite, a mudança chegou à América", disse Obama à multidão, que se reuniu para assistir ao seu discurso de vitória, na cidade em que ele surgiu para a política.
Ele estava acompanhado de sua mulher, Michelle, de suas duas filhas e de seu companheiro de chapa, Joe Biden.
"Se ainda há alguém que duvida que os Estados Unidos sejam o lugar onde todas as coisas são possíveis, que ainda duvida que o sonho de nossos fundadores esteja vivo em nosso tempo, que ainda questiona o poder da nossa democracia, aqui está a resposta", disse.
Primeiro presidente negro
Barack Obama foi eleito nesta terça-feira para a Presidência dos Estados Unidos e será o primeiro negro a assumir o cargo na história do país.
De acordo com projeções, por volta das 3h30 (hora de Brasília), Obama havia conquistado pelo menos 338 votos no Colégio Eleitoral que definirá o novo presidente, superando a marca dos 270 votos necessários para garantir a vitória.
O principal adversário do democrata, o republicano John McCain, conquistou pelo menos 155 votos.
McCain reconheceu a derrota em um pronunciamento em sua base eleitoral, a cidade de Phoenix, no Estado do Arizona, após uma conversa telefônica com Obama. "O povo americano falou, e falou claramente", disse.
"O senador Obama e eu apresentamos nossas diferenças e ele prevaleceu. Não há dúvida de que muitas dessas diferenças persistem. Estes são tempos difíceis, e eu prometi a ele nesta noite fazer tudo que estiver ao meu alcance para ajudá-lo a guiar-nos em meio aos inúmeros desafios que enfrentamos."
Vitória em Estados-chave
As projeções indicam que Obama conseguiu o apoio da maioria dos Estados que deram respaldo aos democratas nas eleições presidenciais de 2004 e conquistou pelo menos seis Estados que haviam ficado com os republicanos naquela ocasião.
Entre os triunfos mais significativos do democrata estariam os Estados de Ohio, Flórida, Colorado e Pensilvânia. Além desses Estados, ele teria vencido em Vermont, New Hampshire, Illinois, Delaware, Massachusetts, Maryland, Nevada, Connecticut, Maine, Nova Jersey, Michigan, Minnesota, Wisconsin, Nova York e Rhode Island.
McCain, por sua vez, teria vencido pelo menos em Kentucky, Carolina do Sul, Oklahoma, Tennessee, Arkansas, Alabama, Kansas, Dakota do Norte, Dakota do Sul, Wyoming, Georgia, Louisiana, Virginia Oriental, Texas, Mississippi e Utah.
Em Ohio e na Flórida, as mais recentes pesquisas de intenção de voto indicavam uma disputa muito apertada entre Obama e McCain.
Pensilvânia e Colorado eram também considerados Estados-chave por serem populosos e não terem um eleitorado firmemente alinhado nem com os democratas nem com os republicanos.
Até as 3h30, hora de Brasília, a apuração continuava em alguns Estados em que a disputa permanecia acirrada entre os dois candidatos. É o caso da Carolina do Norte, de Indiana e de Missouri.
Alto comparecimento
Todas as indicações são de que as eleições tiveram um comparecimento recorde dos eleitores às urnas, num país em que o voto não é obrigatório.
Vários Estados considerados cruciais nesta eleição - entre eles Ohio e Missouri - informaram que houve um alto comparecimento e houve longas filas do lado de fora de centros de votação durante o dia.
A expectativa era de que 130 milhões de americanos votassem. Se o número se confirmar, esta terá sido o pleito americano com maior participação de eleitores desde 1960.
As autoridades no Missouri - um Estado que há anos costuma eleger o candidato que no final acaba conquistando a Casa Branca - informaram que o comparecimento foi "sem precedentes". Em Ohio, a expectativa era de que 80% dos inscritos fossem às urnas.
Discurso
No seu discurso da vitória em Chicago, Obama agradeceu todos aqueles que votaram nele dizendo que sua vitória é uma resposta dada por todos que permaneceram nas filas das seções eleitorais para depositarem seus votos.
"Estas pessoas acreditaram que desta vez as coisas precisavam ser diferentes, que suas vozes poderiam fazer a diferença. A América mandou uma mensagem para o mundo de que não somos uma coleção de Estados azuis (democratas) ou vermelhos (republicanos). Nós somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América".
O presidente eleito dos Estados Unidos também citou seu oponente, o senador republicano John McCain, afirmando ter recebido uma ligação dele.
"Ele enfrentou sacrifícios pelos Estados Unidos que a maioria de nós nem pode imaginar. Hoje estamos melhores por causa dos serviços prestados por este corajoso líder. Eu congratulo o senador McCain e a governadora Sarah Palin por tudo o que eles alcançaram e espero poder trabalhar junto com eles para renovar esta nação".
Obama ainda agradeceu ao seu companheiro de chapa, Joe Biden, e a sua mulher, Michelle, a quem chamou de "a próxima primeira-dama da nação".
"Eu não estaria aqui sem o apoio de minha melhor amiga nos últimos 16 anos. A rocha da milha família e o amor da minha vida", disse Obama, que lembrou também de sua avó, Madelyn Dunham, que morreu na última segunda-feira, apenas um dia antes de seu neto ser eleito o 44º presidente dos EUA.
Desafios
Apesar das comemorações Obama citou as dificuldades que vai encontrar em seu governo depois de tomar posse, no próximo dia 20 de janeiro.
"Nós sabemos que os desafios que o amanhã vai nos trazer são enormes: duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise econômica em quase um século. O caminho vai ser longo e não atingiremos nossos objetivos em um ano, nem mesmo em um mandato. Mas eu nunca estive mais esperançoso de que estou esta noite. Eu prometo a vocês, nós, como povo, chegaremos lá".
BBC Brasil
Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/eleicoesnoseua2008/interna/0,,OI3307898-EI10986,00-Mudanca+chegou+aos+EUA+diz+presidente+Obama.html
Obama é eleito o primeiro presidente negro dos EUA
O senador pelo Illinois, Barack Obama, fez na madrugada desta quarta-feira o discurso como vencedor na corrida pela presidência dos EUA. Aos 47 anos, Obama, filho de um queniano e uma americana, é o primeiro negro a ocupar o mais alto posto do governo dos EUA.
Obama começou o discurso dizendo que se "alguém ainda duvida que alguma coisa é possível para os EUA, hoje veio sua resposta. É a resposta que veio das escolas e igrejas, de pessoas que ficaram de três a quatro horas em filas, muitos pela primeira vez", em referência aos eleitores que votaram nesta terça.
Ele falou sobre as vozes que fizeram a diferença, "brancos, negros, hispânicos, gays, héteros. A América manda uma mensagem para o mundo que não é uma coleção de indivíduos, mas sim os Estados Unidos da América".
"Essa é a resposta para aquelas que tinham dúvidas, e eram cínicas acerca do que poderíamos alcançar na esperança de dias melhores (...). Hoje, pelo que fizemos nesta eleição, a mudança virá para a América", disse Obama.
O novo presidente americano disse que recebeu um telefonema "extraordinariamente gentil" do candidato derrotado à Casa Branca, o republicano John McCain. "Ele (McCain) lutou pelo país que ama. Fez sacrifícios pela América, foi bravo e bondoso", disse Obama, ao afirmar que vai pedir o apoio do senador pelo Arizona e sua candidata à vice, a governadora do Alasca, Sarah Palin "para trabalhar pelo o que há de vir".
Ele agradeceu ao seu vice, senador Joe Biden. "Quero agradecer ao homem que fez campanha com o coração"
Obama também mencionou sua mulher Michelle. "Eu não estaria aqui sem o apoio da minha melhor amiga nos últimos 16 anos, o amor de minha vida e a próxima primeira-dama dos EUA".
O democrata agradeceu a equipe de campanha, em especial ao coordenador, David Plouffe, "o herói desconhecido da campanha". "Vocês fizeram isso acontecer e agradeço pelo que sacrificaram", disse à equipe.
"Sei que não fizeram isso por mim, mas sim porque entendem o que vem à frente. Celebramos hoje, mas sabemos dos desafios e da pior crise financeira do século. Sabemos dos americanos nas montanhas do Afeganistão, no deserto do Iraque e das preocupações dos seus pais aqui", disse.
Obama afirmou que sabe que terá que gerar "novos empregos, novas escolhas e que a estrada será longa, a subida será íngreme, mas vamos chegar lá". "Sim podemos", dizia o público ao repetir um dos bordões da campanha.
O primeiro presidente negro dos EUA disse que "o que começou há 21 meses não pode acabar nesta noite". "Sabemos que governo não pode resolver todos os problemas. Estaremos ao seu lado, especialmente quando discordarmos de algo", afirmou.
"Essa é a nossa chance de fazer a mudança, não podemos deixar as coisas do jeito que estavam (...) Temos que somar o espírito de patriotismo, lembrar do que essa crise nos ensinou e, acabar com a imaturidade que envenenou nossa política por tanto tempo", disse.
Ao fim do discurso ele falou sobre uma senhora de 106 que "nasceu uma geração depois da escravatura. Que viu que gente como ela não podia votar, porque ela é mulher e pela cor de sua pele". "Chegamos tão longe, vimos tanto e ainda há muito por ser feito", finalizou.
Um milhão
Cerca de um milhão de pessoas acompanhou dentro e fora do Grant Park, em Chicago, a festa da vitória de Obama. Um marco para a comunidade negra dos EUA, o evento teve presença de personalidades afro-descendentes como o reverendo Al Sharpton e a apresentadora Oprah Winfrey.
Um dos momentos marcantes aconteceu antes do discurso, quando o reverendo Jesse Jackson foi às lágrimas com a notícia da vitória de Obama. Em entrevista à rede americana CNN, a filha de Martin Luther king, a reverenda Bernice King disse esse é um novo "amanhecer na América".
Trajetória
Nascido em 4 de agosto de 1961 no Estado do Havaí, o senador pelo Illinois Barack Obama é filho de pai queniano e mãe afro-americana, nascida no interior do Estado do Kansas.
Seus avôs paternos eram empregados domésticos de colonizadores britânicos que viviam no Quênia. Seu pai, também batizado como Barack Obama, estudou e conseguiu conquistar uma bolsa para estudar nos EUA, na Universidade do Hawaii.
Já os pais de sua mãe, Ana Dunham, conseguiram estudar e comprar uma casa graças à ajuda de programas governamentais oferecidos pelo Estado. Seu pai trabalhou em prospecção de petróleo até a crise de 29, depois se alistou no exército norte-americano e lutou durante a Segunda Guerra Mundial. Sua mãe trabalhou em uma indústria bélica, que fornecia material para o exército.
Por conta disso, os pais de Ana Dunham puderam proporcionar estudo à filha na Universidade do Havaí. Lá, Barack Obama e Ana Dunham se conheceram.
Fruto do relacionamento dos estudantes nasceu, no Havaí, o menino Barack Obama.
O senador pelo Illinois foi criado apenas pela sua mãe e seus avôs maternos, pois seu pai retornou ao Quênia. Obama viveu durante um período na Indonésia, na Oceania.
Em 1983, já em New York, Barack Obama iniciou seus estudos em Direito pela Universidade de Columbia. Em 1985, se mudou para Chicago, onde começou a trabalhar em prol dos cidadãos marginalizados.
Voltou aos estudos e, em 1991, concluiu mais uma etapa acadêmica também em Direito pela Universidade de Harvard. Ele foi o primeiro presidente da Harvard Law Review, uma revista de Direito editada pela universidade.
De volta a Chicago, o advogado Barack Obama atuou em favor dos direitos humanos, além de ministrar aulas de direito constitucional. Isto o levou a concorrer à vaga no Senado pelo Estado do Illinois, em 1996. Ele exerceu o cargo de parlamentar por oito anos, ficando até 2004.
Obama é o terceiro senador negro da História dos Estados Unidos pós-29 e o primeiro candidato negro à Casa Branca.
Redação Terra
Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/eleicoesnoseua2008/interna/0,,OI3307539-EI10986,00-Obama+e+eleito+o+primeiro+presidente+negro+dos+EUA.html
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