sábado, 19 de julho de 2008

Até quando policais continuarão morrendo gratuitamente?




Associações de PMs reclamam de excesso de carga horária

Felipe Sales Raphael Lima

Depois do debate sobre o despreparo da Polícia Militar, a morte dos dois PMs na Lagoa – que estariam dormindo no momento da execução – levantou outro problema por que passam os homens da corporação.

Associações de policiais ouvidas pelo JB argumentam que a carga horária excessiva dos policiais expõe a tropa a riscos ainda maiores, além de questionarem a forma de policiamento que vem sendo feito.

Ontem, a Polícia Militar tratou de dirimir quaisquer dúvidas de que a política de confronto poderia arrefecer e matou oito supostos bandidos numa operação na Favela Minha Deusa, em Bangu, na Zona Oeste. Já na Zona Norte, mais um policial foi atacado por bandidos.

A morte dos policiais mortos na Lagoa, que sequer tiveram chance de defesa, reflete carga horária desumana a que os policiais estão sendo submetidos, segundo o presidente da Associação dos Militares, Auxiliares e Especialistas, tenente Melquisedec Nascimento.

– Nenhum ser humano agüenta ficar 12 horas parado, ainda mais de madrugada e depois de passar a folga inteira fazendo bico – argumenta. – Quando fui soldado no Leblon, lembro que uma vez dormi em pé ao lado da cabine, sem encostar-me a nada. Havia um porteiro do outro lado da rua e só acordei quando ele se aproximou e me chamou. Se fosse um bandido, poderia estar morto.

Presidente do Clube de Cabos e Soldados, Jorge Lobão defende que o policiamento da forma como vem sendo feito – com viaturas em pontos fixos – são ineficazes. Segundo ele, os policiais têm mobilidade limitada para economizar combustível.

– Por um lado é bom, porque o cidadão sabe onde achar a polícia. Mas para isso existem as cabines – disse. – Por outro lado, é ineficaz porque também os bandidos sabem onde evitar a polícia.

Outro PM atacado

Enquanto isso, a guerra na cidade continua e um novo atentado contra um policial militar aconteceu na Zona Norte. O sargento José Augusto dos Santos Neves, do 3º BPM (Maré), foi ferido de raspão nas costas quando fazia patrulhamento de rotina na Rua Ferreira de Menezes, em Pilares. Dois homens à pé fizeram os disparos e fugiram em direção ao morro Engenho da Rainha.

Logo após o atentado, um dos suspeitos foi morto. Ele estava com um grupo de homens armados na Rua Cincinato Lopes, em frente ao número 213. O sargento ferido foi levado para o Hospital Municipal Salgado Filho e não corre risco. O comandante da PM, coronel Gilson Pitta Lopes, esteve no hospital visitando o sargento, logo depois de ir ao enterro de um dos PMs mortos na Lagoa. Nas duas ocasiões, Pitta se recusou a dar declarações.

Foi o terceiro ataque à PM em dois dias. Além dos dois policiais fuzilados na Lagoa, também ontem uma viatura do 6º BPM (Tijuca) foi atacado por quatro homens em duas motos na Tijuca, próximo ao Morro do Turano. Ninguém ficou ferido.

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