quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Retrato da Política de Segurança Pública do Governo do Rio de Janeiro - O Reverso da Medalha


Enquanto isso...

Reajuste para coronéis (Jornal O Dia, Editoria Brasil)

Gratificação para 15 oficiais da PM teve aumento de 223% em junho. Estado afirma que se trata de equiparação a subsecretários

Rio - Quinze coronéis da Polícia Militar receberam, em junho, reajuste na gratificação de cargos especiais, que passou de R$ 2.320 para R$ 7.500, um aumento de 223%. O governo informou que o aumento era previsto e se trata de uma equiparação ao valor do benefício recebido por servidores em mesmo nível hierárquico de outros órgãos no estado. A contar de junho, quando foi aprovada, até o fim do ano, a alteração vai representar para os cofres públicos um acréscimo de mais meio milhão.

O reajuste vai beneficiar a cúpula da PM — o comandante-geral, o chefe do Estado Maior, os diretores gerais e os chefes dos Comandos de Policiamento de Área (CPA) — e foi aprovado após estudo de impacto na folha de pagamento feito pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG). A medida está causando polêmica porque contraria as reivindicações dos servidores de outras categorias, que, ano passado, receberam, em média, 4% de reajuste nos salários.

O cálculo da gratificação é feito tendo como base o soldo dos oficiais. Com o reforço na gratificação, o posto de comandante-geral passa a ter remuneração de cerca de R$ 15 mil, sem contar eventuais atos de bravura que tenha tido ao longo da carreira. O salário anterior ao aumento era de R$ 10 mil. Com isso, o salário do comandante, que equivalia a 25 soldados em início de carreira, agora passa a valer 40 soldados.

Apesar de alguns deputados afirmarem que vão tentar impedir o aumento, todo o trâmite é interno e depende apenas de solicitação da PM, que encaminha o documento para a Secretaria de Segurança Pública, que repassa para a SEPLAG.

Ubiratan Recusou Acréscimo

O reajuste na gratificação da cúpula da PM poderia ter acontecido no ano passado, quando esse benefício dos secretários de governo foi alterado de cerca de R$ 3 mil para R$ 8.400. No entanto, na ocasião, o então comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo, não iniciou nenhum processo interno para o aumento, porque tentava primeiro alterar os soldos dos praças.

A recusa de Ubiratan em tratar o assunto como prioridade teria causado mal-estar no Palácio Guanabara. O clima já estava ruim porque o gabinete militar solicitara ao comandante - geral 17 policiais-motociclistas. O pedido foi recusado.

Abaixo alguns depoimentos extraídos do Blog Casos de Polícia e Segurança do Extra On Line. Algumas pessoas preferiram se identificar através de apelidos:

“Já sou segundo sargento PM há 11 anos e tenho excepcional comportamento. Estou acostumado aos benefícios alheios. Quem dá segurança são os praças sempre desvalorizados, tendo que consertar viaturas, comprar material para melhorar condição de trabalho, perder dias de folga, para ir ao quartel escutar balelas.”

“Os coronéis Barbonos, quando iniciaram seu movimento, lutavam contra isso. Pleiteavam um aumento de salário digno para toda a tropa. E para quê? Para que chegássemos a este ponto: o benefício de meia dúzia em detrimento de uma grande maioria de quase 40 mil. Essa é a política. Essa é a polícia? Esse é o jeito de comandar?”

“Tem um coronel da cúpula da PM que costuma chamar o seu subordinado de guerreiro. Agora eu entendo o porquê: nós guerreamos e ele leva o espólio de guerra enchendo o seu bolso com esta gratificação absurda, imoral e vergonhosa.”


Nenhum comentário: