segunda-feira, 11 de agosto de 2008

PMERJ S.A.

Leonardo Allevato Magalhães

2º Tenente PM RG 54567

Há quinze anos digo que os oficiais da Polícia Militar que pretendessem ingressar em uma universidade deveriam optar por um curso que não o de Direito. Afora aqueles que fazem da Corporação trampolim para outros concursos públicos - e, infelizmente, isso é uma realidade crescente, mormente em virtude dos baixos salários pagos aos policiais militares - oficiais que almejassem atingir os mais altos cargos deveriam se especializar em cursos voltados, principalmente, para a área administrativa.

O título desse artigo fala por si só. Não há mais como deixar nossa Corporação a mercê de decisões políticas que em vez de beneficiarem o consumidor final - a própria população do Estado do Rio de Janeiro - contribuem para o enriquecimento de plataformas políticas em eleições vindouras.

A Polícia Militar É e deve ser administrada como uma grande empresa, cujo produto de "comercialização" é a Segurança Pública.

A Segurança Pública deve ser uma política de Estado e não uma política partidária; destarte, manter-se-á ao longo dos governos, beneficiando única, exclusiva e incondicionalmente a população do Estado do Rio de Janeiro.

Tome-se como exemplo qualquer grande empresa e veremos que a estrutura administrativa é totalmente semelhante e, quiçá, até mesmo mais bem estruturada (ainda que mal organizada), que essas empresas. Falta a PMERJ, além da desvinculação política - não em termos estruturais, mas sim funcionais, um administrador que, com pulso forte e de forma empreendedora e sem se basear simplesmente no empirismo, conduza-nos a uma nova era administrativa calcada em conhecimentos teóricos que, aplicados na prática, nortearão as tomadas de decisões necessárias no dia-a-dia corporativo.

Perfeitos são os manuais que tratam da Administração Militar, todavia, faz-se mister uma atualização e adaptação desses conhecimentos em relação ao atual mundo corporativo privado, uma vez que se trata de um universo de empresas que primam pelo aumento da lucratividade como forma única de se manterem no mercado. Logicamente, a empresa Polícia Militar não aufere lucros pecuniários, porquanto se trata de uma empresa pública, porém há que se considerar o lucro dentro de nossa empresa como sendo o oferecimento de segurança total a nossa população. A partir do momento que a população passa a se sentir insegura estamos falhando em nossa missão primária.

Tal projeto trata apenas de uma profunda mudança de mentalidade a fim de que se possa revigorar e desemperrar as engrenagens que movem nossa Corporação.

Algumas medidas poderiam ser tomadas para que, além da reforma administrativa - não em termos estruturais, mas sim de operacionalização dessa estrutura - houvesse uma mudança da imagem da Corporação junto à população e ao seu próprio público interno, para que haja um resgate da credibilidade que há muito já foi perdida. Eis algumas delas:

  • Adoção de um planejamento estratégico divulgado a todos os níveis da Administração Militar com minuciosa análise dos pontos fortes e fracos e das oportunidades e ameaças ao perfeito funcionamento de cada Organização Policial Militar por si só e de forma conjunta dentro da estrutura corporativa.

  • Missão e visão. Dois conceitos corporativos a serem definidos, divulgados e massificados nos policiais militares de modo que todos unam forças em prol de um único objetivo.

  • Divulgação de uma arrojada campanha de marketing a fim de enaltecer e divulgar o lado "bom" dos serviços prestados à população para que se contraponham e se sobreponham à imagem negativa massificada pelos mais diversos meios de comunicação que "maximizam" as atitudes negativas e que são inerentes a apenas um pequeno número de policiais militares.

  • Melhoria do marketing interno (endomarketing). A exemplo do que acontece no treinamento militar das Forças Armadas em tempos de guerra, o policial militar deve ter apenas uma única coisa na cabeça: sua missão enquanto tal. Não podemos ter o "funcionário" da empresa falando mal da própria empresa e, pasmem, isso acontece em toda a estrutura vertical da Corporação.

  • Treinamento, treinamento, treinamento. Não apenas o treinamento técnico - tiro policial, técnicas de abordagem etc. - mas também o treinamento de outras habilidades necessárias à lida com o público - atendimento, gerenciamento, línguas estrangeiras etc.

  • Após o resgate da credibilidade, associação da marca PMERJ S.A. a outras empresas a fim de formar parcerias funcionais e aumentar a colaboração da sociedade na prevenção e combate aos mais diversos crimes.

  • Total reestruturação do processo seletivo de policiais militares. Estamos contratando mal, a fim de atender a demanda de mais policiais e estamos tendo problema em médio e longo prazo. Os processos de exclusão do policial militar do serviço ativo (demissão, reforma etc.) com tão pouco tempo de serviço oneram absurdamente o erário. Selecione-se mais rigorosamente e isso refletirá diretamente na diminuição dessas exclusões.

  • Valorização dos recursos humanos: o discurso aqui não será em torno do aumento de salários, mas sim em relação à agregação de valores à carreira profissional: melhoria constante das unidades de saúde, acompanhamento psicológico constante, programas de prevenção de doenças que diminuam a vida útil profissional do policial militar, treinamento, dentre outros. Note-se que todos os valores sugeridos dizem respeito ao policial militar enquanto ser humano e não à sua logística de trabalho.

  • Alocação de policiais especializados: policiais militares com cursos de especialização devem, incondicionalmente, ser alocados nas respectivas unidades. Sendo assim, policiais com o curso de Adestramento de Cães devem estar lotados na CIPM Cães, os que possuem o curso de Operações Especiais devem estar lotados no BOPE. Além disso, o aproveitamento de cursos extras deve ser considerado de forma a otimizar as atividades meio e fim.

  • Criação de um centro de pesquisas em Segurança Pública, a fim de estudar os mais diversos aspectos dessa área, desde o modus operandi de criminosos até o comportamento do policial nas mais diversas situações de modo que se possam fornecer subsídios teóricos a futuras ações de segurança pública. Tal centro funcionaria com equipes multidisciplinares de estudo - sociólogos, antropólogos, psicólogos e demais áreas afins - porém, sempre sob a batuta de oficiais policiais militares que são aqueles que possuem o conhecimento técnico da área.

Infinitas seriam as sugestões para a reestruturação funcional do sistema policial militar; não se pode mais ficar administrando o caos, cobrindo certos buracos e descobrindo outros, tal qual um cobertor curto.

Há que se mexer nessa estrutura, de modo a desemperrar as engrenagens que movem essa bicentenária Corporação e fazer valer novamente a autoridade intrínseca em cada homem fardado, não mais pela força e pela coerção, mas pelo resgate da credibilidade daqueles que são os consumidores finais do nosso produto: a população do Estado do Rio de Janeiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

EM NOME DO APERFEIOAMENTO INSTITUCIONAL, GOSTARIA DE DEIXAR REGISTRADO A MINHA VISAO SOBRE A SEGURANÇA PUBLICA , EM PARTICULAR O ATUAR DA PMERJ NA PREVENÇAO E REPRESSAO E HAVENDO TEMPO,SOBRE A PCERJ NO RINCAO DA INVESTIGAÇAO. SENAO VEJAMOS , A PM,ATUA DE FORMA ESTRATIFICADA , ATENDENDO A SUA CLIENTELA PREFERENCIAL ,A ''BASE '' DA PIRAMIDE ,CLASSE (D- Á -Z),A CIVIL COM A BASE E PARTE DA CLASSE MEDIA E A FEDERAL , COM A CLASSE ''A'' CUME DA DO OBELISCO.UMA VEZ, ESTABELECIDA ESTAS DIVISOES CONCEITUAIS E DIDATICAS,NO CASO CONCRETO TEMOS A PM POR COMPLETAR 200 ANOS DE FUNÇAO E A POUCOS ANOS É QUE TEVE , DEFENIDA SUAS ATRIBUIÇOES CONSTITUICIONAIS , OUTRA E AINDA SEGUIU COM EM SUA MISSAO DE SEURANÇA LASTREADA NOS PRINCIPIOS DA SEGURANÇA DO ESTADO E NAO A SEGURANÇA E GARANTIAS DO CIDADAO, AO ASSIMILAR A DOUTRINA DO EMFA, DIVORCIOU-SE DA SOCIEDADE , INTERNAMENTE MANTEVE-SE FIRME NA DOUTRINAÇAO MILITAR , ONDE ATE HOJE OS OFICIAS RECEBEM UMA FOMAÇAO MAIS MILITAR DO POLICIAL, NESTE CALDO DE CULTURA TEMOS OS BRAÇOS DA PM , OS PRAÇAS (DE SDPM ATE MAJPM QOA),PARECE INCONGRUENTE MAIS OS OICIAS DE ESCOLA NAO RECONHECEM OS QOA COMO OFICIAS DE FATO EMBORA SEJAM DE DIREITO,NAO EXISTE COMUNICAÇAO ENTRE ESTAS INSTANCIA DA ADMINISTRAÇAO, OS CORONEIS , ATEMORIZADOS E AGASTADOS AS GRATIFICAÇOES , POIS , O TEMPO A FRENTE DAS OPM TORNA-SE CURTO E O ACESSO A ESTE DEPENDE DE TRAFICO DE INFLUENCIA POLITICA , MESMO QUE O OFICIAL SEJA COMPETENTE SE NAO ESTIVER ESCUDADO EM PADRINHOS INTERNAMENTE E EXTERNAMENTE ESTE NAO PROSPERARÁ´NO CMDO,SALARIO DOS OFICIAS E PRAÇAS UM HORROR , ESTIMULO FUNCIONAL NENHUM, APOIO FUNCIONAL PARA O POLICIAL TRABALHAR CENTRADO NA LEI , NAO EXISTE ,REGULAMENTO DISCIPLINAR INJUSTO E CLASSISTA , APENAS PUNE OS PRAÇAS E EXCLUI A BEM DA DISCIPLINA,OFICIAS CARREIRISTAS , NAO SE INTERESSAM PELA INSTITUIÇAO E SIM SOMENTE OS SEUS , INTERESSES.CORRUPÇAO TRISTEMENTE CAMPEA A SOCIEDADE E COMO O PM VEM DELA , ELE AGE E REAGE DENTRO DO PSIQUISMO DE SEU TEMPO, ALOCAÇAO DE VERBAS DO ESTADO ESCASSAS , APENAS P VTR, CONCORRENCIA COM POLICIA CIVIL EM QUE NESTA DISPUTA QUEM PERDE É A SOCIEDADE COMO UM TODO. COMO AVANÇAR PARA O FUTURO COM UMA CASA TAO DILACERADA E DIVIDIDA EM GRUPOS .VISAO DE CORPO SOFRIVEL,OS GOVERNANTES , QUANDO OLHAM PARA PM O FAZEM PELO OLHAR DA REPRIMENTA PARA A MASSA E DOS PRIVILEGIOS OS DETENTORE DOS CMDOS E DIRETORIAS,JA IA OLVIDANDO BAIXA FORMAÇAO CULTURAL DOS POLICIAS . EU, NAO ACREDITO NESTA FORMA DE GERIR A SEGURANÇA PUBLICA COM VIABILIDADE E SATISFAÇAO SOCIAL