sábado, 27 de setembro de 2008

Milícias: Quem são os descendentes dos Bourbon?



Segundo uma lenda, durante revolta dos sicilianos contra o domínio francês no século XIII, as iniciais de “Morte alla Francia Italia Anela” teriam dado origem a expressão Máfia.

As Vésperas Sicilianas, óleo sobre tela, Francesco Hayez, 1846, Galeria Nacional de Arte de Moderna, Roma.

Qualquer semelhança é mera coincidência.

Transcrição de texto extraído de artigo (de autoria de Marie – Anne Matard – Bonucci) publicado na Revista História Viva.

Para enfrentar os problemas do banditismo, os reis sicilianos delegaram a administração da ordem pública a empresas encarregadas de zelar pela segurança dos bens e das pessoas em todas as províncias da região. Em caso de delito, as empresas eram obrigadas a pagar indenização à vítima. Esse sistema levou as empresas a se aproximar do universo da criminalidade e, por vezes, até a recrutar criminosos.

Além disso, o combate ao crime também ficava a cargo de guardas particulares contratados pelos grandes proprietários, os campieri, que funcionavam como uma espécie de polícia privada a serviço dos latifundiários. Esses vigilantes eram recrutados com base no medo que inspiravam, geralmente por terem cometido um delito ou assassinato.

Ao utilizar as empresas de armas e os campieri para combater o crime, o Estado dos Bourbon “terceirizou” sua autoridade e abriu mão do monopólio estatal da violência. Os barões e os grandes proprietários também preferiam fazer justiça com as próprias mãos e se tornaram protetores dos bandidos.

Nesse sistema, a administração da ordem pública era, no mínimo, precária. A instabilidade levava o governo a desencadear periodicamente ofensivas de repressão feroz cuja principal conseqüência era aumentar sua impopularidade. A mistura entre a fragilidade do Estado, incapacidade de garantir a ordem pública e as múltiplas formas de legitimação do crime organizado levaria ao surgimento da “honorável sociedade”.

Fonte: Revista História Viva, Ano VI, nº 60.

Um comentário:

Anônimo disse...

Admiramos aqueles que, como o autor, encontram na História a gênese dos fenômenos atuais.
A História é cíclica, e oferece de tempos em tempos a repetição de fenômenos sociais. O Homem é o mesmo ser, desde as cavernas, logo suas ações são previsíveis.